Medinho de nada

"A Freira": 
pode correr sem medo


O filme "A Freira" estreou quebrando tudo nas bilheterias e se firmando como mais um sucesso incontestável no universo de "Invocação de Mal". Mas, para quem esperava uma história sombria e realmente assustadora, deparou-se com uma obra de argumentos infantilizados e truques manjados do terror nas telonas. Enfim, ficou devendo. Rola aí pra baixo o meu top 10 dos motivos pra sair correndo dessa freira, sem medo.

1 - "A Freira" era o terror mais aguardado dos últimos dois anos, desde que a personagem apareceu no ótimo "Invocação do Mal 2", sombria e misteriosa. No seu voo solo, foi desperdiçada. Talvez porque James Wan (o pai de "Invocação do Mal"), que deveria ter dirigido o filme, tenha ficado na retaguarda da produção executiva.

2 - Os sustos, através do jump scare, são todos previsíveis. Não apavoram. Deixam apenas aquele sorrisinho amarelo. 

3 - A freira aparece mais quando o filme, graças a Deus, está acabando. Até a maldita dar as caras, tome freirinhas coadjuvantes, cruzes invertidas em chamas e muita neblina no cemitério que rodeia o convento.

4 - O roteiro e o texto parecem ter sido escritos por uma criança de doze anos, acostumada com vídeos do Youtube e conversas de Whatsapp. O argumento usado para explicar a existência do demônio é tolo e fantasioso.

5 - Por conta da linguagem fragmentada (sinal desses tempos internéticos), "A Freira" se salva por umas cinco cenas, aqui e ali, mais pelo apelo estético. Duas das melhores são a do ritual sobre um pentagrama e a da freira na água, porém nada que justifique o ingresso numa sala IMAX, de imersão total, como a que eu escolhi pra ver o filme.


6 - O alívio cômico nos filmes de terror, por meio de um ou mais personagens, vem se tornando muito frequente e irritante. Já vimos isso em "It- A Coisa" e na própria continuação de "Invocação do Mal". Funciona para quebrar a tensão, QUANDO O FILME É TENSO DE VERDADE. 

7 - Também ficou cansativo o discurso do sexo relacionado ao mal, à dúvida, à fraqueza de caráter e à culpa, ingredientes explorados por todo demônio que se preze. O começo e o fim de "A Freira" trazem, ainda que com certa timidez, sugestões eróticas entre os personagens principais, devidamente punidos em consequência disso. Sem mencionar o clichê máximo do mocinho salvando a mocinha nos momentos finais. Já deu.

8 - Os marqueteiros de "A Freira" estão de parabéns! A produção, orçada em 22 milhões de dólares, arrecadou mais do que o dobro disso, só nos Estados Unidos, no primeiro final de semana de exibição. Mérito da propaganda pesada, e não do terror, que fica só na superfície.  

9 - O trailer é muito melhor do que o longa. Acho genial como vende bem uma história que...não se sustenta. 

10 - Por causa do sucesso de bilheteria, já se fala numa sequência para 2020. Pode ajoelhar e começar a rezar por um filme mais empolgante.

**PS: O filme pode ser frustrante, mas eu exijo a bonequinha da freira pra fazer par com meu Freddy Krugger. Quero na minha mesa até o Natal. Fica a dica. 

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