Sessão das dez

Cinema rápido

Constrangedor. Assim é “O Lobisomem”, de Joe Johnston. Os m&ms, que devorei um a um, foram a parte mais interessante da sessão. O remake não faz jus ao clássico nem consegue se redimir com os efeitos especiais, toscos, semelhantes aos que a gente vê em produções baratas da TV.

Benicio Del Toro e Anthony Hopkins, donos de um currículo respeitável, são desperdiçados em interpretações que se aproximam do mico. Hopkins, aliás, parece não se despir nunca da capa de Hannibal Lecter, que o eternizou no cinema em “O Silêncio dos Inocentes”. Del Toro, quando se transforma no monstro, fica a cara do Wagner Montes (né, Karina?).

A mocinha da história, coitada, é uma catástrofe. Emily Blunt (a secretária emburrada de “O Diabo Veste Prada”) está a cara da Maria Fernanda Cândido e não convence com o olhar de peixe morto e amor instantâneo pela besta.

A fotografia até se salva em alguns momentos, mas acaba prejudicada pelo excesso de clichês, como a lua enchendo a tela a cada cinco minutos, árvores secas contra a luz e nuvens em “speed motion” sobre mausoléus. O pior de tudo: “O Lobisomem” não assusta. Nem mesmo nas passagens mais sangrentas. Pelo contrário, consegue provocar risos, no melhor estilo “Todo Mundo em Pânico”. É gato por lebre.

Por outro lado, “Um olhar do Paraíso”, de Peter Jackson, é um dos filmes visualmente mais impressionantes e criativos a que já assisti. Discordo dos críticos que destruíram a produção por conta do roteiro que, em tese, não se segura. É fato que a história da adolescente assassinada, presa numa espécie de limbo, chama mais a atenção pelo deslumbre e capricho da pós-produção. Mas as boas atuações, especialmente de Mark Wahlberg no papel de um pai transtornado pelo luto, e a da sempre competente Susan Sarandon, como a avó porra-louca, ajudam a segurar as expectativas até o final. Final, aliás, meio cafona, mas que me levou às lágrimas. Se o lobisomem decepcionou, o paraíso cumpriu a missão.