Livre

Adeus, Insta!


Colecionamos bons momentos, não tenho dúvidas. Lembra da nossa foto mais curtida, aquela selfie na Praia do Futuro, em Fortaleza? Ficou ótima.

Aos olhos do mundo, éramos um casal interessante. Nosso namoro durou bastante, foram cinco anos! Para os dias de hoje, em que amor pode ser sinônimo de voláteis corações digitalizados, isso é uma vida.

Mas...a vida muda, os sentimentos também, e as peças trocam de lugar, naturalmente. Você evoluiu muito desde que te conheci. Nossos cliques, embora esporádicos, ganharam filtros e um certo charme.

Eu também evoluí. Quando deixei meu caso anterior com aquele tal de Face, você parecia a opção mais leve e agradável nesse mundo "filtrado" pela imagem, do qual nos apropriamos tão bem.

Com os anos, fui percebendo que meu interesse diminuiu, embora estivéssemos mais juntos. Você, cada vez mais solto, colorido, interativo. Eu, na minha, querendo e precisando me autopreservar. Gosto do mistério.

Num último suspiro, tentamos abrir a relação e lucrar com a parceria. O desconto rechonchudo que ganhamos daquele sujeito que vitrificou a pintura do carro, em troca de um post, teria sido maravilhoso, caso eu não tivesse me sentido tão fútil e vendido.

A minha decisão de acabar com a nossa história não surgiu do dia pra noite, é bom que você saiba. Venho amadurecendo minha posição há meses, em silêncio. Finalmente, estou livre.




Não quis dar um tempo pra depois voltar. Não tive medo de errar no meu julgamento ou de confiar cegamente nos meus instintos. Eu tenho certeza. Excluí você definitivamente, e não foi fácil encontrar o caminho. Agora, posso me dedicar a refletir sobre o que vejo, ouço e leio, sem me render à sua demanda por instantaneidade, ansiedade, paquera e consumo. 

"Sacrifícios temporários, conquistas permanentes". Li isso num livro de motivação que se encaixou perfeitamente no nosso emaranhado existencial. Vou sacrificar as ilusões que me proporcionou e os "likes" que pouco me importam por mais serenidade e amadurecimento.

Não fique triste. Você tem companhia de sobra, gente realmente apaixonada, que faz questão de te carregar no bolso, ficar junto toda hora, fazer você de janela para o mundo, sempre sorrindo. Eu fechei a minha, porque gosto de abrir só de vez em quando, para o Sol entrar, junto com alguns poucos que escolhi.

Passear de mãos dadas contigo por esse vasto universo virtual foi delicioso, por um tempo. Cansei. Preciso mudar a rota, de tempos em tempos. Desse novo caminho, desculpa, você não faz parte. 

Guardarei as lembranças com carinho. Aviso, porém, que não vou olhar para trás. Não quero mais pequenos corações de canto, à espera de tentar preencher meus vazios ocasionais. 

Também dispenso os comparativos sociais permanentes que pulsam pela sua superfície. Sinto-me inteiro, com outras possibilidades, mais reais e palpáveis, à minha frente. Estou achando o máximo seguir só de agora em diante.

Um beijo, meu finado Instagram. Fique em paz, porque eu estou. Parei com os "likes". Prefiro comer fruta do pé.

Comentários

  1. Oi Zivi, como tem passado meu rapaz? Saudade de ti, cara. Espero que tudo esteja bem contigo. Me identifiquei com o seu texto. Tbm saí em definitivo do Instagram. Não aguentei mais usar aquilo e sempre me dava eztresse. Pouquíssimas pessoas me davam atenção lor lá. Fora isso, me meti em algumas encrebcas com pessoas que pensavam besteira de mim, só porque fazia um simples elogio na pistagens delas. Se eu não tivesse excluído, talvez já estaria até doente de muito nervoso. Desculpa o desabafo cara. Um abração pra você e se cuida amigo. Você é sensacional.

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  2. Tudo bom, Andy? Saí, não sinto falta e senti um salto de produtividade em tudo o que faço. Rede social, pelo menos essas aí, não são mesmo a minha praia. Tô muito melhor sem elas. Abração e volte sempre.

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    1. Tudo ótimo, meu querido. Muito obrigado e desculpa os erros, o meu celular tá ruim demais. Sair do Insta foi uma libertação. Um abração.

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    2. Será sempre bem-vindo aqui, Andy. Continue livre. Não tem preço.

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  3. Nossa Rodrigo, pensava que pelo trabalho que faz, esses dois divórcios jamais aconteceria. Só tenho e Face, e só entro à noite em casa, pois só entro pelo computador. Ahh, então o Orkut você nem deu umas 'zoiádas', paquerou? Ou não quis parecer muito namorador, muito galinha, ou não estava com tempo para escrever mais este caso? Abraços e sucesso, sempre assisto você.

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    1. Queridão, nunca levei muita fé nessas paqueras virtuais e voláteis, em que a imagem fala mais do que tudo. Além disso, quanto mais exposto se torna o trabalho, mais necessidade sinto de me recolher na vida fora dele. Ser jornalista não me obriga a me mostrar o tempo todo, nem o que ando fazendo, comendo etc. É uma postura minha. Por um tempo, achei legal. Depois, ficou bobo. Não vou demonizar as redes sociais. Tem gente que gosta, e eu respeito. Apenas não é a minha praia, e eu preciso me respeitar acima de tudo. O bem-estar e a felicidade estão em diferentes caminhos. Basta a gente se conhecer melhor pra descobrir qual a melhor direção, concorda? Um abraço!

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