Rápidas e bobinhas

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Foto: Divulgação.

Eu ando meio sem saco pra escrever. É fase. Mas estou lendo mais, o que é bom, reflexo direto de uma profunda mudança de caminhos e sentimentos. Voltarei às palavras mais densas. Por enquanto, bora falar de algumas bobagens.

No cinema, vi um monte de coisa legal. O musical "O Rei do Show", por exemplo, é um entre tantos libelos recentes pelo combate ao preconceito em todas as suas formas (vide "A forma da água", favorito ao Oscar, que nos deixa na torcida pela criatura). 

Pensa num circo no melhor estilo "freakshow", em que todos, incluindo a mulher barbada, exigem e merecem respeito. As músicas, entre elas a emocionante balada "Never Enough", são o ponto forte de "O Rei do Show", um conto de fadas raso, porém divertido. Até o Zac Efron conseguiu disfarçar a famosa canastrice.

O discurso da inclusão, aliás, já circula em outras manifestações midiáticas, como a publicidade. As mais recentes propagandas da Coca (com a drag Pabllo Vittar) e da Skol (que só desce redondo quando ninguém é discriminado) são sintomas de uma mudança mercadológica e social mais do que bem-vinda. Viva o texto criativo e agregador, pilar da comunicação atual.

Vi também "Sobrenatural 4", um bom terror, menos sobre espíritos e mais sobre os demônios da vida real: assassinos, rancores familiares e políticas rasteiras. Pronto. Ainda dá medinho de fantasma? Eis a mensagem deste filme, que ainda dá uns bons sustos. E a Elise, protagonista, é simplesmente uma velhinha porreta e digna.

Musicalmente, ando passeando por extremos, do pop romântico ao eletrônico. Deixo aqui duas sugestões de hinos que beiram a perfeição. A primeira delas eu escuto no fone, enquanto corro na marginal perto de casa. Até que funciona! É tema de "Cinquenta tons de liberdade" e tem uma atmosfera inebriante. O clipe é lindo. A dupla aí ajuda. Escuta logo, vai. 


A segunda sugestão não tem vídeo e áudio disponíveis, porque a chata da Taylor Swift só liberou no Spotify. É "Delicate", uma faixa tão trabalhada no bom gosto que dispensa mais comentários. Procura e se vira pra ouvir, vale a pena.

Em tempo: o disco novo da Palmita (como Taylor é chamada por seus detratores, por causa da aparência muito branca e longilínea) não é tão bom. "Reputation" está aquém da pérola que foi "1989". Mas "Delicate" e mais um par de músicas compensam o disco inteiro.

Despeço-me com a classe de Hilda Hilst, cujas crônicas têm me feito companhia ultimamente. É dela uma das observações mais límpidas sobre a vida, avessa a definições engessadas. Do jeito que eu gosto.

"A vida é crua. Faminta como bico dos corvos. E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima, olho d'água, bebida. A vida é líquida".

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