Annabelle 2

Boa de susto


O filme "Annabelle 2" é melhor que o primeiro no que mais importa: sustos e tensão. A produção é de James Wan (o homem por trás de todo o universo de "Invocação do Mal"), e lá estão várias cenas com a sua assinatura, explorando todos os clichês possíveis do terror, porém com um toque de classe e, por vezes, de humor.

O que a sequência fica devendo ao primeiro é um roteiro mais crível. Há inúmeras passagens em que o absurdo é tão absurdo que faz mais rir do que tremer de medo. Um exemplo: o elenco, que ora se borra, ora se comporta como se nada estivesse acontecendo. Outro: gritos ensurdecedores que ninguém escuta, nem mesmo quem está perto ou dormindo. Conta outra.

No mais, "Annabelle 2" cumpre a função de assustar, muito mais do que o filme antecessor. Os méritos do diretor David Sandberg estão nos enquadramentos e planos-sequência muito eficientes e acima da média para as produções do gênero. A história da boneca é bem contada e não deixa dúvidas sobre os motivos da maldição.

Pra quem não viu nem o primeiro, eu recomendo. "Annabelle" não faz parte nem de longe do amontoado trash já produzido por Hollywood sobre brinquedos endemoniados. Não tem nada a ver com Chucky e companhia. Até porque a boneca mal se mexe. É o que existe por trás dela que amedronta.

O que mais chama a atenção, porém, são alguns personagens paralelos (o que já se tornou uma tradição nas produções de Wan, de olho nos próximos milhões). Dica: fique até o fim dos créditos. Tem uma cena de "A freira", próximo horror da franquia de Wan, apresentada em "Invocação do Mal 2". O filme estreia no ano que vem. Outro detalhe bacana desse novo "Annabelle" é um espantalho que também deve ganhar um filme só pra ele.

Por fim: vá numa sessão tranquila, de preferência no meio da semana e tarde da noite. Só assim vai ficar livre dos chatos que lotam as estreias de terror só pra dar risadinhas e tirar fotos. Eu já sabia disso, mas a minha ansiedade pra ver a boneca surtada me colocou neste verdadeiro horror da vida real. Em "Annabelle 2", no meu caso, a platéia estava mais possuída que a protagonista. 

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