Crônicas de Nova York - parte 1

O primeiro encontro

Frio na barriga é uma expressão que define bem o primeiro encontro. O nosso teve disso. Te conhecia pelas fotos, pelo cinema, pelos que tinham te visto pessoalmente. E já estava encantado.

O face-to-face sempre gera expectativa. Você faria jus ao que eu esperava? Fez. Na verdade, me surpreendeu.

Quando subi as escadas do metrô e olhei para você pela primeira vez, sob a luz do sol da primavera, a sensação foi, na verdade, de reencontro. Não me peça para explicar. O déjà vu não me impediu de ficar maravilhado com sua imponência.

Seu brilho me tomou nos braços e me instalou um sorriso definitivo. Logo eu, um plebeu, agora privilegiado diante da sua majestade.

Começamos a nos conhecer devagar. Eu, meio sem jeito, com meu inglês macarrônico, e você, desenvolta, sedutora, gigantesca, avançando sobre mim, minuto a minuto.

Nossos programas, desta vez, foram os clássicos, os românticos, pra ver o melhor um do outro. Coloquei minhas roupas mais bonitas e meu perfume mais cheiroso para que pudéssemos caminhar de mãos dadas por museus, teatros, cinemas, pizzarias, prédios, parques e pubs. 


Andamos de trem, de ônibus e, quase sempre, a pé. Quantas caminhadas inesquecíveis, com meus olhos te fitando ora de cima pra baixo, ora de baixo pra cima. Com o coração batendo no ritmo do deslumbre. 

Tomamos cerveja, Cosmopolitan, Cherry-Coke. Você me mostrou as locações do meu programa de TV preferido e me deixou dançar, sem vergonha, em todos os lugares onde a música fazia parte do contexto.

Você fez comigo aquilo que os grandes amores costumam fazer com seus pares. Me transformou, me deixou melhor, acho que fiquei até mais bonito e charmoso em seus braços, com você me enfeitando, me enriquecendo, me ensinando, me vestindo de novidade e sorrisos.

É engraçado pensar neste caso de amor tão intenso, que começou à distância. Bem com você, sempre tão famosa, falada, disputada, polêmica, esplendorosa. Me sinto maior e ainda tão humilde. Afinal, você já esteve com os grandes: King Kong, Godzilla e incontáveis alienígenas.

Estou apaixonado, mais do que fui platonicamente. Sei que você tem defeitos. Que tem a parte suja, obscura, insegura e feia. Não me importo. Amor é assim. A gente não se incomoda tanto com a parte feia quando a bela é tão bela.


Me despedi às lágrimas, você viu. Quando o avião embicou, olhei para baixo e vi suas luzes formando um enorme tapete de ouro e prata, enquanto eu rumava pra casa. 

Pude sentir seu beijo e uma infinita gratidão a Deus, à vida e a tudo o que permitiu que esse nosso encontro fosse tão especial.

"Tenho o contorno à espera da essência", escreveu Clarice Lispector, dialogando com sua peculiar aflição de escritora. Eu me sentia assim antes de NY. A magnitude dessa experiência, desse sonho realizado, me preencheu um pouco mais.

Obrigado, Nova York. Foi lindo. O avião já desceu aqui em casa, mas ainda estou no céu. E ansioso pela nossa próxima aventura. Pra te olhar nos olhos de novo, sair de mãos dadas e explorar essa infinitude de possibilidades. 

Comentários

  1. Perfeito texto. Maravilha. Você conseguiu me levar junto nessa narrativa, era como se eu estivesse caminhando junto com vocês; Nova York e você, Rodrigo. Boa leitura mesmo.

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  2. Cidade incrível, Renato. Estar lá e sentir aquela energia toda não tem preço. Abraço!

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    1. Acredito, deve ser um momento mágico, incrível mesmo. Abraços, meu amigo.

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  3. Que lindo Zivi! É o tipo de texto que nos abraça e permite não apenas uma visualização dos fatos, mas trabalha as sensações. Resumindo, estive com Zivi em Nova York! Se entre linhas a sensação já é boa, posso imaginar a maravilha de estar lá. Viajar é sempre bom, pra mim um remédio! Tem uma frase de John Steinbeck que diz: “ As pessoas não fazem viagens, as viagens fazem as pessoas”. No meu caso, eu concordo com ele, pois, a cada viagem que faço percebo que consigo evoluir um pouco. Bem vindo ao Brasil novamente querido! Bjs, Rose

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    1. Rose, concordo! Essa viagem me construiu mais um pouco. Que experiência sensacional! Obrigado e um beijo!

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  4. Adorei o texto! Consegui sentir sua emoção ao ver pela primeira vez a cidade dos seus sonhos. Que venha a parte 2. Abraços. Jaime

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    1. Né, Jaime? Acho que o texto cumpriu sua missão. Sonho transformado em realidade. Ab!

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  5. Texto maravilhoso.. realmente a literatura não permite caminhar, mas permite respirar. Parabéns Rodrigo.
    Flavio.

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    1. Flávio, estava esperando seu comentário, meu novo amigo. Obrigado pela visita e pelo elogio, seja muito bem-vindo! Quero ver mais vc por aqui. Abraços!

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  6. Bom dia, Rodrigo Ziviani voce é o melhor apresentor da tv Record interior , Atenciosamente sarah Regina verissimo coutinho Estudante de Psicologia Faculdade Estacio

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  7. Adorei seu texto Parabens Pela sua carreira Além de ser o melhor Apresentador da tv Record interior voce deveria Escrever novela Para a tv globo e tv Record

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    1. Sarah, agradeço a visita e os elogios. Indique o meu blog para os autores das novelas, quem sabe? rsrsrs. Um abraço pra vc.

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