As lições de "Birdman"
Foto: divulgação.
Nem sempre compro a ideia de filmes indicados ao Oscar. Felizmente, "Birdman" é uma exceção.
Difícil não gostar de algo nas mãos de Alejandro González Iñarritu ("21 gramas"). Ele é capaz de fazer até mesmo a insossa Emma Stone atuar com competência.
"Birdman" é uma comédia dramática com toques de acidez e sarcasmo, na medida certa para quem aprecia cinema minimamente inteligente.
Iñarritu fez um daqueles filmes geniais, não só na técnica, mas também nas reflexões que propõe, através de suas muitas camadas. A primeira delas é sobre o ego.
Ao mostrar a história de um ator decadente em busca do reconhecimento (Michael Keaton, excelente), o filme joga no colo da plateia uma interrogação dolorida: somos bons no que fazemos? Ou uma fraude? A opinião alheia é um termômetro confiável?
"Birdman" também é sobre esquizofrenia. O personagem de Keaton ora se rebela contra a voz interior que o massacra, ora se rende à ilusão de que é a última bolacha do pacote.
Com Edward Norton na atuação mais brilhante da carreira, a produção também é um prato cheio para o talento da mulherada, como Naomi Watts (a loira de "O Chamado", remember?) e Andrea Riseborough (revelada em "We", dirigido por Madonna).
Até quando abusa da metalinguística, o filme acerta. "Birdman" ironiza a Broadway e Hollywood, ao questionar a arte. Por fim, faz a ponte entre relevância e amor. Ser amado, querido, é o que, no fim das contas, determina a nossa importância. O resto (inclusive o prestígio) é só um pássaro que bateu asas.
Merece o Oscar. Palmas.
**Ainda sobre o filme, vale a leitura deste texto na Folha: http://cacilda.blogfolha.uol.com.br/2015/02/19/birdman-e-a-broadway/
**Ainda sobre o filme, vale a leitura deste texto na Folha: http://cacilda.blogfolha.uol.com.br/2015/02/19/birdman-e-a-broadway/
Comentários
Postar um comentário