Coração ridículo

Todo romance é clichê
Imagem: http://aprendiviverfeliz.blogspot.com.br/2012/06/ter-um-coracao-de-ouro.html

"Talvez seja hora de você saber quem sou eu. Sou alguém que procura por amor. Amor de verdade. Amor ridículo, inconveniente e que consome. Amor de um não conseguir viver sem o outro. Eu não acho que este amor esteja aqui, nesta suíte cara deste hotel adorável em Paris. Não é sua culpa. É minha culpa. Eu não deveria ter vindo aqui. Por favor, não insista. Eu estou bem. Obrigado."
Da personagem Carrie Bradshaw, no último episódio de "Sex and the City", em resposta ao então namorado russo por tê-la desdenhado por tempo demais. 

Troque a suíte parisiense pelo lugar que quiser. E verá que o fim das histórias de amor é quase um padrão.  

No começo, todas também são iguais. O cortejo. A delicadeza. Os olhares. Os sorrisos. O toque. As conversas que varam a madrugada. As risadas. Os jogos de sedução. O coração, aos poucos, sendo depositado na mão do outro (ou seria a lâmina no pescoço?). É comum desejar que seja pra sempre. 

Geralmente, o céu dura sete meses (dizem que é o prazo de validade da paixão). Ou menos. A culpa é um pouco das palavras inapropriadas em momentos inoportunos. Palavras mal colocadas destroem castelos de atitudes em segundos. E têm o poder de virar a chave para o outro lado.

Não importa muito a quantidade de romances. Amores não rimam com experiência. Todos são, ao mesmo tempo, peculiares e genéricos. Peculiares, porque, a cada novo capítulo, envolvem pessoas diferentes. Genéricos, porque as situações se repetem. O que muda, às vezes, são os polos. Não é um círculo. Tá mais pra gangorra.

Com a troca de parceiros, é possível passar de vilão a mocinho e, assim, aprender as lições necessárias. Só que nada garante aprovação por mérito. Romance não é vestibular da Fuvest. É progressão continuada. Todo romance é um clichê. 
Amamos. Sofremos. Damos ou levamos um pé na bunda. A vida faz a egípcia, sempre. Finge que não vê. E segue. Humpf! 

Relacionamentos, é bom que se aprenda logo, não são resposta para nada. A função é oposta, a de nos fazer mergulhar num oceano de interrogações. Às vezes, a água ferve. Às vezes, congela. Como não cometer os mesmos erros? Até onde ceder? A partir de que ponto começa a anulação?

Quantas chances merece um romance? O que o outro faz é um reflexo do que eu (não) faço?  Não há teoria. Só laboratório.

Se é que aprendi algo até aqui, posso dividir uma ou duas coisinhas. A primeira é que a gente saca quando a parceria é pra valer nos momentos difíceis. A segunda é que não importa o vai e vem, desde que ainda haja amor e vontade de mudar pra melhor. 

Amor tem que ser gostoso pra valer a pena. Tem que ter verdade. Amor gosta da intimidade, de ficar entre os dois. Amor tem que ser sensacional. 

Viva a geração "Express Yourself"! "Don´t go for second best, baby!". Amor não tem medo da solidão. Não negocia o coração. Porque sabe que esse vale ouro. Sabe, principalmente, o que deve ser prioridade.

Dica da vida: antes de embarcar em qualquer canoa, furada ou não, é bom clarear a paisagem, passar um Bombril no vidro. Se a tempestade chegar, ou o barco afundar, atenção: não é culpa de ninguém. O amor é ou não é. Encaixa ou não encaixa. Flui ou empaca. A água contorna as pedras. Não as barragens.

Selena Gomez, que já foi e voltou com Justin Bieber um quilhão de vezes, está com uma música interessante: "The Heart Wants What It Wants". Algo como "O coração tem vontade própria". 

"Este é um conto de fadas moderno. Sem finais felizes. Sem vento para alçar as velas. Mas não consigo imaginar a vida sem os momentos de tirar o fôlego, que me quebram", ela canta.



Selena, eu entendo. Quem nunca? Só acho que, após uns tropeços, tem que ser leve. Coração ridículo não tem poder de decisão, só de confusão. Melhor deixar com a cabeça e garantir o bote salva-vidas. Não é fácil, sei bem. Mas navegar é preciso.

Amando ou não, o que vale é passear pelas possibilidades. Sempre tem o mundo lá fora, anyway. "Ah, the single life!", exclamou dia desses uma então solteira Britney Spears. A melhor parte disso, segundo ela, é a possibilidade de um novo primeiro encontro. 

Esse é o espírito. Toca aqui, Brit!

PS: Britney fez a louca e já arrumou outro, em menos de um mês. Eu? Só observando.

Comentários

  1. Pois é Rodrigo, já que não temos influência sobre a vontade do coração, só nos resta vestir o colete de amor próprio para não sofrermos tanto, caso a tempestade venha e a canoa afunde. Sim, o amor tem que ser gostoso pra valer a pena, amor que complete e não sufoque. Tem que ser leve, solto e ao mesmo tempo com desejo de quero mais, quanto mais perto melhor. Aquele perto bem longe de ser prisioneiro. Ridículo ou não, o amor que flui e encaixa ainda é aquele que espero encontrar em um novo primeiro encontro. Um abraço, Rose

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  2. Isso é o que queremos todos, caso nos disponhamos a ter um relacionamento. Esse amor que encaixa, que aproxima, mas não aprisiona. Será que ele existe? Abs, Rose!

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    1. Bom, se existe eu não sei. Parece um tipo de amor impossível né. Porém, prefiro apoiar-me na frase de Einstein: “Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe provando o contrário.” Massss, se eu estiver sonhando meu amigo Rodrigo, por favor, não me acorde, rsrsrsrsrsr. Valeu por mais uma deliciosa e interessante publicação Sr.Zivi! abraço, Rose

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    2. Rose, engraçado como, em se tratando de relacionamentos, somos eternos otimistas, não é mesmo? A gente sempre alimenta, nem que seja bem lá no fundinho, a esperança de que algo realmente nobre nos arrebate para a vida inteira. E a gente sabe, bem lá no fundinho, que essa esperança é uma ilusão. Afinal, o chá de realidade, em qualquer relação, costuma ser servido quase frio, junto com uma bolachinha de decepção. De qualquer forma, gostamos de caminhar pelo fio da navalha. Mas o meio termo parece ser o melhor caminho. Abração! E obrigado pelas visitas.

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  3. Olá Meu Amigo !
    Pois é, questão totalmente solucionável essa rs. Na verdade, às vezes fico pensando que o amor seja apenas uma função química, que se misturarmos todas as reações e equacionarmos tudo, teremos uma fórmula, ou será a paixão, não sei. Outras vezes penso que não há nada de errado no amor, ou com o amor, mas sim na maneira de como amamos, uma vez que esse comportamento é repetido inúmeras e infinitas vezes por todos em todo planeta né. Talvez se buscarmos a resposta em Closer, acho que estaremos o mais próximo possível de uma solução. Mas ainda continuo não tendo certeza.
    Beijos meu lindo, sinto muito a sua falta.
    Sua Amiga Faby.

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  4. Pois é, Fabi! Relacionamento, eu sempre digo, é o grande jogo de xadrez da vida. Xeque-mate pra quem? Eis a questão. Muitas sdds de vc tb. Sabe que me deu vontade de rever "Closer"? Acho que vai ser neste fim de semana mesmo. Fique com Deus e venha me visitar! Nem que seja aqui no blog. Bjos!

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