Top 10

Coisas que aprendi 
lançando um livro

"Lado B" nasceu. Ou melhor, estreou! Com brilho e burburinho. Meu primeiro "filho" ganhou lançamento simpático no Palace, aqui em Ribeirão Preto. Foi um longo e, por vezes, árduo caminho até a publicação. A experiência rendeu um top 10 que pode ser útil aos escritores de primeira viagem. Segura aí.

1 - O primeiro livro é sempre mais gasto do que lucro. Precisa colocar a mão no bolso, sim. O mundo editorial se alimenta de um estranho paradoxo: não aposta alto na obra de um desconhecido, especialmente uma coletânea de crônicas, mas se esquece de que a notoriedade depende da publicação. Encare o investimento como uma semente que pode germinar e render projetos mais ambiciosos, se o texto for realmente bom.

2 - A sessão de autógrafos é gratificante e cansativa. Eu não escrevia a mão há muito tempo, só pelo computador. Minha letra, antes bonita e formosa, tornou-se inimiga da caligrafia e agora se parece com a de uma criança semialfabetizada. Mesmo assim, fiz questão de personalizar a dedicatória a cada um dos convidados. Resultado: dedo machucado e coração feliz.

3 - Lançar um livro em Ribeirão Preto requer um cuidado básico: ar condicionado. No Salão Verde do Palace, não há. Os potentes ventiladores não deram conta, especialmente porque era meio de tarde. Dica: lançamento no inverno.

4 - Não se espante com os milhares de convidados pelo Facebook, geralmente uma manobra da editora. É de praxe chamar até os macacos do bosque para o coquetel. O motivo é óbvio: muita gente não vai nem pagando. Mesmo os que confirmam. Mesmo os que juram. Mesmo os que dizem estar ansiosos para ler o livro. Mesmo os que parecem mais entusiasmados. Mesmo alguns amigos de longa data e até quem participou diretamente do projeto. Não leve para o coração. Eu mesmo não me lembro do último lançamento de livro a que compareci.

5 - Por outro lado, muita gente vai. Gente que te surpreende. Gente que você acha que não estava nem aí. Gente que, de repente, te dá um abraço e faz você perceber que o apoio pode surgir dos corações e bocas mais inesperados. Gente que você não via há muitos anos e aparece só pra te mostrar o quanto te admira e te quer bem. Menção honrosa, aqui, para Orion Francisco Marques Riul, a quem dediquei "Lado B". Ele não é só um jornalista. Foi um chefe que, de fato, me ensinou quase tudo o que sei. Continua sendo um pai. E veio de São Paulo, correndo para o abraço.


6 - Nem todo mundo compra o livro. Alguns comem, te cumprimentam e vão para o shopping. Ou para o boteco, tomar a cerveja que você não ofereceu.

7 - O evento precisa ser agradável para autor e convidados. Lançamento de livro, via de regra, é muito chato. O de "Lado B", ouso classificar, foi uma ternurinha (alô, Sandra!). Fiz questão de DVD rolando, projeções nas paredes, música e um coquetel leve. Colhi elogios e me senti recompensado.

8 - A divulgação raramente termina no primeiro evento. É preciso ter paciência e persistência. Planejar outros lançamentos, feiras, talvez palestras e parcerias. Por mais que você acredite no seu texto, na sua ideia e no seu livro, isso não basta. É preciso convencer os outros de que tem algo a dizer. Isso requer trabalho. Novamente, foque na semente. Com o cuidado certo, ela vai germinar.

9 - Em cidades menores, lançar um livro é um grande desafio. Ler caiu de moda. Além disso, muita gente, inclusive a imprensa, torce o nariz. Principalmente se não há uma editora de peso por trás. Em resumo, um excelente termômetro para saber quem realmente torce pelo seu sucesso.

10 - Aliás, sucesso não é necessariamente sinônimo de exemplares esgotados. Com sorte, se até os macacos do bosque aparecerem, é possível vender quase tudo. Do contrário, bora tocar o barco e divulgar a obra em outros nichos. O verdadeiro sucesso pode ser traduzido na repercussão e na energia que circula no grande dia. Essa eu senti em cheio. Poderia lamentar pelos que não foram, pelas dúzias de mensagens de desculpas que recebi in box. Mas prefiro celebrar quem foi e o amor de tanta gente querida. Foi uma tarde especial. Meu lado B pode ser meio ranzinza. Mas também é manteiga derretida. Chorei de felicidade e gratidão. Depois, comemorei na balada com muita Ice e beijo na boca. Ninguém é de ferro.

Comentários

  1. Oiii Rô!!!to rindo mto aqui com essa historia dos "macacos do bosque", só vc mesmo!!!o lançamento do livro estava otimo, perfeito, e olha melhor so se tivessemos a presença da Madonna em carne e osso la!!!( Envie um exemplar a ela, garanto que na próxima ela vai!!)Adorei foi uma tarde perfeita, de encontros deliciosos, qta saudade da Maria Célia, fiquei feliz em reve-la, Marilia nem se fala, sou suspeita a falar né!!!e Conhecer a Sandra entao, pessoa maravilhosa!!!carisma e simpatia são caracteristicas basicas dela, um anjo de pessoa!! e logico encontrar vc em um momento tao importante de sua vida, que é não só um grande amigo de toda vida e de mtas q virão, mas tambem um irmão de alma, isso não tem preço!!Rô adquirir seu livro é como adquirir uma joia rara, pois Lado B tem um conteudo brilhante, de uma mente fascinante, que só os grandes escritores tem, e somente grandes escritores como vc consequem colocar no coração e na alma das pessoas a importancia de uma boa leitura!!E qto ao calor, tranquilo, moramos entre os tropicos e calor faz parte, e a minha maquiagem nem borrou...kkkk, mas saiba que irei a todos os lançamentos de todos os seus livros, não importa o tempo, a estação do ano, ou o lugar , nem q for na Amazonia (hum ai sim teremos a presença de macacos... rsrsr) eu sempre estarei la para adquirir meu exemplar, toda orgulhosa pelo sucesso do meu grande amigo Zivi!!


    "Ser escritor é ser alguém privilegiado, detentor de um presente divino doado a muitos, mas não a todos, e, para alguns, de forma muito especial, mais abrangente, mais criativa, mais útil, mais sensível, seja para a cultura, seja para a educação, seja para a alma.
    O escritor é aquele que é dotado da capacidade de expor, através das letras, o seu conhecimento, sua sensibilidade, sua criatividade. Entrega, a todos, a bagagem que carrega ou que busca dentro de si ou no seu semelhante, de forma simples ou complexa, clara ou obscura, suave ou categórica, real ou ilusória, marcante ou passageira, bem ou mal humorada.
    Ser escritor é sentir correr nas veias a necessidade de transmitir o que se sabe, o que se cria, o que se sente."


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    1. Elaine, acho que, em muitos aspectos, não poderia ter sido melhor. Tô nem aí para os macacos do bosque, mas eles também teriam sido muito bem recebidos, hahaha!
      Como eu te disse na ocasião, o que importa é a atenção, o abraço de quem a gente gosta. Vender o livro é apenas uma consequência de algo muito maior e mais gostoso.
      Obrigado novamente por esse amor de alma que faço questão de levar pra vida toda. E fico muito feliz por você ter gostado de "Lado B" e de ser tão afeita a esse meu estilo um tanto controverso de escrever, rsrs. Bjos e até breve!

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  2. Coração doeu por não ter podido ir, e doeu ainda mais pela "menção honrosa ao contrário". Mas eu te amo do mesmo jeito.

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    1. Hahaha, Ricardo, não pensei em te dar indireta com o exemplo do Orion. Fique tranquilo. Senti por você e a Ju não poderem vir, mas entendo. Agora...se a carapuça serviu, vista! kkkkk. Brincadeira. Te amo, meu irmão!

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