Diana tarja preta

A princesa morreu de amor

Costumo dizer que, exceto pela franquia "Velozes e Furiosos", sempre é possível tirar proveito dos filmes, mesmo dos ruins. Como "Diana", sobre a princesa do povo, estrelado por Naomi Watts em tom melodramático.

O filme tem cara de novela e não faz jus ao mito. Foi mal das pernas nas bilheterias e ruborizou os críticos. Não é para menos. Diana é retratada como uma mulher tarja preta, em busca de amor a qualquer preço, enquanto manipula a imprensa e se vitimiza a cada flash.

Jogue na mesma panela um roteiro escrito às pressas, atuações medíocres e a direção confusa de Oliver Hirschbiegel (que, estranhamente, já comandou boas produções, como "Invasores" e "A Queda - As Últimas Horas de Hitler"). Pronto, "Diana" ficou só na expectativa.
A parte boa é que fui apresentado a Rumi, um poeta paquistanês de palavras simples sobre o amor. Seus poemas permeiam a trágica história da princesa. 

"Em algum lugar, entre o certo e o errado, existe um jardim. Encontro você lá". Este pensamento de Rumi pontua o fim do filme e do romance que poderia ter sido épico (entre Diana e o médico pelo qual era apaixonada), porém foi abreviado pelo orgulho. Se me permitem a abstração, a bela não morreu só por causa do notório acidente, ao lado de um milionário que ela apenas suportava. Diana já morria, aos poucos, de amor. Por causa da pirraça de um homem que preferiu a realização profissional e a tranquilidade, longe dos fotógrafos. 

Chorei, sim, e daí? Diana, no fim das contas, era como a gente. Tirando a conta bancária, ela também sofreu e tentou. Gritou na janela, correu descalça por um parque inteiro e cruzou o planeta para tentar conquistar a sogra, em vão. Morrer na praia seria uma expressão de mau gosto neste caso.

O fato é que todos nós conhecemos uma Diana. Já fomos ou seremos como ela. É no amor que nos tornamos iguais. Nobres ou plebeus, todos, em algum momento, agimos como insanos.

E já que o amor move o mundo (hoje, quero acreditar nisso; amanhã, tomo um Diazepam), acabo de eleger a mais bela balada do ano. Continuo descobrindo as pérolas do álbum "Closer to the Truth". Entre elas, está "Sirens". A letra é romântica, mas sem caramelo. O instrumental e os vocais são de dar arrepios. Ouvindo isso, eu consigo viajar a uma dimensão onde amores nunca terminam em tragédia. E onde um cuida do outro simplesmente porque não há prazer maior.

Que o fim de semana que se aproxima seja capaz de borrifar um pouquinho dessa atmosfera na vida de cada um de nós. Pegue o fone de ouvido. E deixe o coração seguir a melodia. 


Comentários

  1. Nossa Rô, vc é fodástico mesmo! Amo vc lindão!
    Karina

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  2. "Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
    Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
    Que, para ouvi-las, muita vez desperto
    E abro as janelas, pálido de espanto ...
    E conversamos toda a noite, enquanto
    A via láctea, como um pálio aberto,
    Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
    Inda as procuro pelo céu deserto.
    Direis agora: "Tresloucado amigo!
    Que conversas com elas? Que sentido
    Tem o que dizem, quando estão contigo?"
    E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
    Pois só quem ama pode ter ouvido
    Capaz de ouvir e de entender estrelas."
    Via Láctea - Olavo Bilac
    Estava lendo sua postagem e ouvindo Sirenes...
    E lembrei desse poema.
    Desejo que seu fim de semana seja ma-ra-vi-lho-so!!!!
    Sandra

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  3. Você gostou mesmo do que deu pra tirar do filme! Eu ainda não vi, mas confesso que a figura me atrai, além de contar com a presença sempre bem vinda da Naomi Watts.

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    1. Vale a pena, Adécio, mesmo que o filme não seja lá grande coisa. Mas Diana merece um filme à sua altura. Acredito que outras obras sobre ela devam surgir em breve, mais interessantes. E mesmo Naomi Watts, de quem eu também gosto muito, não se salva sempre. Há momentos em que ela fica forçada, sei lá. No fim das contas, Diana é uma mulher difícil de interpretar, por conta de tudo o que ela significou e do mito que ainda alimentamos. Qualquer atriz que topar o desafio terá de conviver com a própria sombra da princesa. Abs!

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  4. Olha, só não ficarei 100% irritado com o texto, porque é muito bom e vc é meu amigo, hein? rs.
    Ps.: Sim, a parte que me irritou é "Costumo dizer que, exceto pela franquia "Velozes e Furiosos", sempre é possível tirar proveito dos filmes, mesmo dos ruins." rsrsrs...

    Parabéns pelo blog Zivi! Abs!

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  5. Hahaha, vc gosta, né, Dani? Foi mal, foi so pra descontrair, rs. Mas que eh meio tosco, isso eh! Rsrs. Olha só quem fala, logo eu, fã do Freddy Krugger! Abs e volte sempre!

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  6. Gostei muito do seu texto. Para mim, perfeito! Também achei isso tudo do filme e o que valeu mais foi eu ser apresentada(como vc disse) ao tal poeta paquistanês. Me tocou aquele poema no final. Vou procurar agora livros desse cara. Quero lê-lo.
    E você cara, escreve bem demais! abraço

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  7. Obrigado! Há uma página do Rumi no Facebook. E assine o comentário da próxima! Rs.

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