Homem de aço

Superman de araque

Mesmo sendo velho pra isso, gosto de filmes de super-herois. O primeiro "Homem-Aranha", da saga com Tobey Maguire, e a trilogia "X-Men" são exemplos de como produções deste tipo podem ser, ao mesmo tempo, divertidas e coerentes. Mas "Homem de Aço", atualmente em cartaz, é ruim de doer.

Ironicamente, "Superman" foi meu heroi predileto na infância. Eu tinha um boneco de plástico dele e, vez por outra, prendia uma toalha de banho nas costas, fingindo ter os mesmos poderes. Me encantei com o primeiro filme estrelado pelo carismático Christopher Reeve e por uma Lois Lane abobalhada e igualmente charmosa. A história é simples, bem contada, embora com efeitos amadores.

"Homem de Aço", por sua vez, é uma megaprodução, um assalto aos sentidos. E só. Primeiro, porque não respeita o original em detalhes importantes. Nem mesmo a kriptonita está lá. Destaque para a sequência inicial, um show audiovisual imponente, porém incapaz de sustentar o restante do filme. 

Em resumo, "Homem de Aço" promete. E não cumpre. É, grosso modo, uma colagem de cenas sem sentido, barulhentas, com roteiro previsível, repleto de furos constrangedores (dignos de uma novela de Gloria Perez) e atuações catastróficas. O elenco, no entanto, é estelar: Kevin Costner, Lawrence Fishburne, Diane Lane e Russell Crowe. Todos desperdiçados. 

O novato que dá vida ao super-heroi, Henry Cavill, é caricato, pior do que o antecessor, Brandon Routh. Tão expressivo quanto o Ken da Barbie. Tem o físico avantajado e o rosto perfeito. Qualidades, por si sós, insuficientes para engatar um romance crível com Lois, aqui interpretada por Amy Adams (no maior mico da carreira). Já o vilão, Michael Shannon, se esforça. Em vão. Pudera. Para um protagonista tão fraco, um antagonista à altura.

O filme é longo, tem duas horas e meia, e traz muitas referências a "Guerra dos Mundos" e "Transformers". Há muito pouco do próprio "Superman". A sunga vermelha por cima da calça, por exemplo, sumiu (admito, ficou melhor). E um dos melhores momentos do original, da chegada da cápsula com o super-bebê à Terra, foi suprimido. Aliás, não há uma cena memorável sequer neste engodo, dirigido por Zack Snyder (o mesmo do ótimo "Madrugada dos Mortos" e do interessante "300"). Talvez, para alguns, a de Cavill sem camisa.

A bilheteria do longa, até agora, é espetacular. Só nos Estados Unidos, está perto dos 300 milhões de dólares. Uma contradição alimentada por plateias que se satisfazem com a fanfarra proporcionada pela tecnologia. Acredite, filmes com super-herois podem ter boas histórias e algum conteúdo. O último "Batman" é prova disso.

Se eu fosse um moleque, jamais me inspiraria no "Homem de Aço" de 2013. Wolverine vem aí, numa nova versão. Acho que vou trocar a capa vermelha pelas garras de titânio. Veremos.

Comentários

  1. Realmente Rodrigo, mas vindo de um diretor com Zack Snyder, que conseguiu destruir obras como Watchmen e 300, não se podia esperar muito mesmo.

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    1. Eu não vi "Watchmen", mas "300", ao menos plasticamente, ficou interessante. Porém, o escorregão mesmo veio com "Homem de Aço". Pena que a bilheteria diga o contrário. Obrigado, anônimo, pela visita. Identificar-se seria uma boa, para eu saber com quem estou falando. Rs. Ab!

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  2. Achei o filme chato. As cenas de ação são boas, mas realmente cansativas - como em "Transformers".

    Não assisti aos clássicos do Super-homem, mas sempre o achei um personagem meio cafona - difrente do Spider e dos X-men. De qualquer forma, também acho o Batman um tanto cafona e trilogia "Cavaleiro das Trevas" foi realmente boa.

    Pra finalizar, você não está velho para o que é divertido!

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    1. Mais cafona ainda é o clássico Superman, com a tal sunga, hehe. Mas tinha seu charme. E vc tem razão: velho o caralho! Rsrsrs.

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