A era da preguiça

Muito além do clique


Não se sabe exatamente quando a era da preguiça começou. Mas há uma certeza: a tecnologia tem boa parte da culpa. Quando os avanços facilitam as coisas, a humanidade, ou pelo menos a maioria, se acomoda.
Mário Quintana foi muito otimista, para não dizer simplista, em sua célebre análise: "A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda".
O fato é que, com ou sem rodas, na era da preguiça, as pessoas não vão mais ao cinema como antigamente, por exemplo. Preferem esperar pelo filme na TV. Ou alugar na locadora da esquina, quando sair o DVD. Ou, melhor ainda, baixar pela internet, antes de chegar ao cinema.
Na era da preguiça, não há mais tanta lógica em sair de casa, se tudo está a apenas um clique de distância. Até sexo. Você escolhe: tem pornografia farta e gratuita. Tem as salas de bate-papo, para combinar uma transa rápida, sem compromisso e, quase sempre, carregada de arrependimento. Tem também as redes sociais, para matar a saudade dos amigos, ou simplesmente enganar a solidão. Barzinho, boate, churrasco aonde? Ai, que preguiça.
Na era da preguiça, as cartas ou e-mails deram lugar a torpedos ou mensagens de, no máximo, 14 caracteres. A ordem é se entregar, sem manha, à preguiça de digitar um texto um pouco mais elaborado, sem assassinatos gramaticais, que exijam um mínimo de sinapse.
Na era da preguiça, até os blogs são obrigados a se adaptar. Quem tem um blog, sabe. No meu, por exemplo, são dezenas, às vezes centenas de acessos por dia. Em quase três anos, consegui 62 seguidores.  Agradeço a todos. E torço pela chegada dos próximos. Para participar do site, basta alguns cliques, o cadastro do e-mail, pronto! É pedir demais? Na era da preguiça, talvez. E estou certo de que foi pura ingenuidade propor uma promoção de livros, pedindo uma resposta criativa aos pretensos ganhadores. Os livros eram DE GRAÇA! 
Na era da preguiça, até o grátis cansa. Um joguinho de perguntas e respostas pode ser tão abusivo quanto exigir uma boa redação de um candidato ao vestibular.
Admito que tenho preguiça, às vezes. Deixo a faxina para o dia seguinte. Me dou um cochilo de presente, tarde ou outra. Mas ainda não abri mão do cinema com pipoca. De uma boa reunião com os amigos. De conhecer gente olho no olho. E de exercitar meu intelecto, seja escrevendo aqui, ou lendo ali. Dou muitos cliques, virtuais e reais. Procuro viver muito além do clique e me policiar para não cair na armadilha da letargia tecnológica, onde tudo é tão fácil que até o fácil desanima.
Leitores, eu prometo: nas próximas promoções, não vou exigir nada além de um "curtir" ou "compartilhar". Ou um, ou outro, eu entendo. A ideia de fazer os dois, imagino, deve dar sono. Perdão pela ironia.
Xô, preguiça! A propósito, os ganhadores dos livros são a Meire e o Seimir, praticamente por "W.O"., com suas respostas lindamente publicadas lá no Face. Bateu preguiça de conferir? Se bateu, tudo bem, tô zen.
Como diz Tati Bernardi, "o bom de ficar velho é que dá uma preguiça de sofrer".

Comentários

  1. Me diverti muito, lendo este delicioso post da preguiça. Prazer em conhecer!

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  2. Opa, 63 seguidores agora! Hehe. Seja bem-vinda, Rosemary! Obrigado.

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  3. às vezes é só falta de tempo mesmo rs

    beijo

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  4. Ah, tá bom, Lívia! Hehe. Larga de preguiça, menina! Bjo e obrigado pela visita. Volte sempre que quiser ao blog.

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  5. Depois eu leio, estou com uma preguiçaaaa.

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