À flor da pele

Me irrita que eu gosto


Tirei férias de um mês para relaxar, me desligar da rotina, me conectar com o mar e a paz de espírito. Mas a vida não sai exatamente como a gente planeja. Muito menos as viagens. Como a minha mais recente, por exemplo. Após um agradável vôo, com direito a sanduíche quente e refri a bordo, finalmente conheci Floripa e Camboriú. Minha irmã Marília foi junto. Excelente companhia. Gostei de tudo. Especialmente do balneário. Um Guarujá melhorado. 
Logo no primeiro dia, um sinal: pisei em falso e quase caí de uma escada. Opa! Ninguém viu, beleza, cabeça erguida, sorriso no rosto, pose de superior, pronto, já foi. Andamos na praia, de teleférico, conhecemos paisagens e lugares maravilhosos, registrados com orgulho e capricho pela máquina fotográfica gentilmente emprestada pela minha mãe. No penúltimo dia, furtaram a dita-cuja, que deixamos estrategicamente escondida em uma sacola, debaixo do guarda-sol, enquanto nós dois, ingênuos e levemente bronzeados, caminhávamos seminus, exibindo nossas curvas medianamente trabalhadas aos poucos e sortudos turistas. Meu celular foi de embrulho. Também perdi 40 reais, um pente de madeira, um espelhinho (para checar meu look na areia, posso?) e dois frascos de protetor solar. Ah, claro, meu bom humor e a alegria de viver também desapareceram junto com o assaltante. Ninguém sabe. Ninguém viu. 
Conseguimos recuperar pelo menos um terço das memórias roubadas, porém com menos da metade do ânimo e da qualidade, graças a uma máquina extra que estava na mala. A maré de surpresas continuou subindo. Como tudo vem em ondas, não necessariamente de frente para o mar, eu e minha irmã precisamos pernoitar na Rodoviária de Sampa, na volta para casa, porque todos os ônibus para Ribeirão Preto, inclusive os extras, já estavam lotados.
Sobrevivemos. Voltei a sorrir dois dias depois, já meio anestesiado pelo tempo que insiste em voar. Hoje, olhando para a aventura, consigo rir, principalmente de mim mesmo. Descontado o estresse, a viagem teve saldo positivo. Mais uma ótima e imprevisível história para contar. Muito mais engraçada e menos trágica do que supus.
Com minhas férias rapidamente se aproximando do fim, percebi que há coisas muito mais irritantes. O DVD da Paula Fernandes, por exemplo. Sabe quem é, né? Em qualquer lugar que você entre - padaria, boteco, loja de roupas, CDs, livraria, banheiro de aeroporto, zona do meretrício, curral, plantação de cana - , lá está uma maldita televisão com Paula Fernandes e seu incansável violão. Só eu acho essa garota desnecessária? Tão desnecesária quanto fazer o coração com as mãos, passear com o cachorrinho maltês, usar roupa xadrez ou florida. Pior que isso só mesmo colar os famigerados adesivos familiares nos carros. Tem para todos os gostos. Os pais e os filhinhos. Os pais, os filhinhos e o cachorro. Os pais, os filhinhos, o cachorro e o papagaio. Os pais, os filhinhos, o cachorro, o papagio, a empregada e a cascavel de estimação. Os pais, os filhinhos, o cachorro, o papagaio, a empregada, a cascavel e a Paula Fernandes. Você escolhe.
Chega. Na reta final de meu merecido descanso, quero acordar tarde, comer porcaria, pegar a última sessão de cinema, curtir meu cachorro, ouvir música pop-chiclete e passar longe da televisão, que ajudo a fazer nos outros 11 meses do ano. Escolho ser feliz, com ou sem ladrão, dormindo na cama ou no Terminal Tietê. Estou tão bem e relaxado que já programei meu próximo destino: Rio de Janeiro. Não vou esperar as férias do ano que vem. Vai ser num fim de semana mesmo. Ricardo e Lucélia, me aguardem. Escondam o DVD da Paulinha. Façam o sinal da cruz. E abram os braços, como o Cristo Redentor. Em breve, eu e a máquina fotográfica que me restou desembarcaremos na cidade maravilhosa. Prometo não deixar nada debaixo do guarda-sol.

Comentários

  1. Caro amigo, nem tudo é como a gente planeja !!!

    Pelo menos, o bronzeado ninguém rouba e nem a memória dos bons momentos...

    Bom retorno !!!
    Tiago Melo

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  2. Paula Fernandes AO VIVO do MILHARAL!
    IM-PER-DÍ-VEL.

    A viagem, COM CERTEZA, valeu muito a pena, Ro.
    Bjo.

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  3. Genteee, que menino chatooo. Não gosta de nada! Eu descobri o nome da tal Paula dia desses, mas acho a voz dela linda. É um veludo para os ouvidos. Deixe de ser chato!
    Quanto ao passeio, que a-za-ra-do. Caramba! Espero que aqui no Rio a gente lhe dê sorte. Tá merecendo, Rô.
    Olha só, parou de chover. O que não garante que vai estar sol no fim de semana, mas parou. Nenhuma gotinha. Só dia nublado mesmo. Vem?
    Manda e-mail, torpedo ou sinal de fumaça! Estamos esperando.
    Beijoca
    P.S: Deixa a menina cantar, seu mala!

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  4. Thiago, bronzeado e memórias intactos, rsrs. Matheus, ouvi dizer que estão passando o show da Paula Fernandes no bar da Shirley, hehe. E Lu, tô num momento ranheta, sorry. Chatíssimo! Insuportável! Só perco para a Paulinha tô-em-todas, rs. Rio? Eu vou, juro. Vamos tentar para junho? Bjos.

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  5. Ai, Rodrigo... Vc tinha que lembrar da Paula Fernandes?! Afff...
    Achava a moça até simpática, mas estou com a mesma sensação já. O Kennedy compra esse bendito DVD semana passada e deixa rolando no carro toda vez que sai de casa. É bem deprimente. Ela tem uma voz até bonitinha, mas é bem cansativo ouvir...

    Quanto à viagem, valeu a aventura! rs.
    Ah, Rio vale muito a pena... É realmente a cidade maravilhosa.

    Ah,
    Entregaram meu abraço a você?
    Eu mandei, hein... E Feliz Páscoa tbm... diretamente do carrefour da via norte! rs.
    Bjs, Rô.
    Desculpe a ausência...

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  6. Lucimara, estava com saudades! Entregaram seu abraço, sim. Fui lá no seu blog, mas não consegui comentar. Adorei o texto novo. Volto lá depois. Bjão!

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  7. Vou ter que provocar mesmo? Duvido que não tem nada que o incomode. Já passou da hora de atualizar,né?
    Julho está chegando!
    Beijoca, Rô

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