Só para mulheres?

O sexo e a cidade


Permita-me apresentar minhas melhores amigas: Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha. Conheço as garotas há mais de dez anos. O tempo nos presenteou com a intimidade. Apesar de lindas e desejáveis, não namorei nenhuma delas. Coisas da vida. No entanto, participei de cada uma de suas aventuras sexuais e desilusões amorosas. Sou quase um confidente.
Elas são as protagonistas de “Sex and the City”, cultuada série que deu origem a dois filmes. Vi o último agora. Crítica e público insistem: é coisa pra mulher. Eu não ligo. Foi paixão ao primeiro episódio. Vez por outra, me pego imaginando como seria levar a vida agitada das meninas na aconchegante e chique ilha de Manhattan.
Difícil escolher minha amiga favorita. Tenho muito em comum com Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker). Assim como eu, é jornalista. Mesmo com invejável habilidade na escrita, passa boa parte da vida sem muita grana. Talvez o que mais nos diferencie, além da obviedade biológica, seja o figurino. Eu compro em lojas de departamento. Ela, não. Está sempre impecável, em sapatos e vestidos caríssimos, que só a moda tem o poder de justificar. Loira, ora de cabelos lisos, ora cacheados, Carrie é muito mais que um ícone fashion, autora de uma coluna sobre sexo. É, principalmente, uma mulher que não tem vergonha de ser imperfeita. Nem medo de ser melhor. Dona de hipnotizantes olhos azuis e de uma beleza questionável, desfila charme e elegância. Mulher livre, independente, sem exageros. Precisa estar apaixonada para fazer sentido. Parou de fumar. Pode ser infiel no sexo, porém nunca ao coração.
Também me vejo um pouco na paradoxal Charlotte York (Kristin Davis), romântica incorrigível, defensora do amor às antigas, quase ingênua. Famosa pelo bom gosto, nem sempre por homens, Charlotte é conhecedora de arte e não descansou enquanto não se casou como manda o figurino. Perseguiu o sonho da maternidade e hoje tem duas filhas, a primeira delas adotada. Morena de cabelos lisos e longos, é a princesa do castelo dos homens heterossexuais: linda, inteligente, tradicional, jamais chata. Ainda que defensora dos princípios do matrimônio, é amante fogosa e sem preconceitos.
Miranda Hobbes (Cynthia Nixon), aparentemente sisuda, consegue ser a mais legal. E me serve como espelho quando coloca em prática o humor negro, o sarcasmo e a postura de juíza da vida. Características tão peculiares à advogada de cabelos cor de fogo e que lhe dão uma identidade descolada numa cidade de mil facetas como Nova York. Miranda é a prova de que o amor transforma. Quando todo mundo achava que ela acabaria solteirona, justamente pela incredulidade nos relacionamentos, ela engravidou e se casou, como nos maus e velhos tempos. E está muito bem, obrigado.
Finalmente, Samantha Jones (Kim Cattrall). A mais velha da turma é também a mais gostosa, a mais libertária, a mais desbocada, a mais engraçada e igualmente generosa. Samantha, que ganha a vida como relações públicas, representa a ojeriza à aliança, ao compromisso, à dependência, aos filhos. Sexo oposto, para ela, é passatempo. De preferência, na cama. Seu cartão de visitas poderia ser uma camisinha. Samantha é um grito de liberdade, um orgasmo sem culpa. É o contraponto ao mau-humor de Miranda, ao conservadorismo de Charlotte e aos titubeios de Carrie. Enfim, a melhor resposta a qualquer cara feia. Quem, homem ou mulher, não gostaria de ser Samantha, ao menos um dia?
Depois de Madonna, “Sex and the City” era tudo o que eu precisava para entender a mulher moderna. Por tabela, me deu uma aula sobre amizade, relacionamentos, expectativas, novas perspectivas, estilo e bom humor. Homem que é homem, seja qual for a orientação sexual, não tem medo de "Sex and the City". Muitos marmanjos, por sinal, ajudaram o filme a arrecadar mais de 31 milhões de dólares no primeiro fim de semana em cartaz (veja o trailler aqui). Poderia ter escrito uma resenha. Preferi homenagear esses quatro diamantes de saias. Com Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha por aí, ser macho nunca foi tão sem graça.

Comentários

  1. Salve "Sex and the City" que nunca se tornará velho! Humor e conteúdo atemporais.

    Ótima descrição das meninas.
    Curto muito a série. Curti demais o texto, Ro!
    Uma bela homenagem!

    E falando sobre mulheres, fica a dica do texto "Mulher gera mulher", em
    www.virandojornalista.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Amigo, não suporto SATC. Nao vou nem dizer o que eu realmente penso, pois eu sei que voce gosta. Vamos dizer apenas que eu prefiro ser amarrado em uma cadeira o dia inteiro e alguem brincando com uma pena no meu nariz a ouvir a voz daquela Sarah Jessica "whatever".
    Teve a premiere aqui em Londres na semana passada. Voce iria gostar, pois elas estavam todas lá, tirando fotos com os mortais.
    A critica inglesa simplesmente destruiu o filme. Todas as criticas! E com o humor tão negro dos ingleses, eu fiz até questao de ler fontes diferentes, só pelo valor humorístico.
    Mais eu acho que vai ser um sucesso de público. Os gays e as mulheres vao lotar as salas.
    Abraço.
    Alan

    ResponderExcluir
  3. Assisti o primeiro filme esta semana... gosto muito, mas ainda não tinha visto. Não vejo a hora de ver o segundo. Os homens podem falar o que quiserem afinal gosto não se discute, mas que todo homem gostaria de ter uma das quatro, senão as quatro em uma, ah, isso queria.... Adorei este post, fiquei com mais vontade ainda de ver o filme...muito bom Rodrigo!

    ResponderExcluir
  4. Olá Rodrigo, tudo bem? Pra quem nunca viu "Sex and the City", já fiquei por dentro das personagens e suas características, pois você descreveu todas elas muito bem. Mas...sinceramente...um Freddy Krueger me apetece bem mais...rs. Beijos, Luciana.

    ResponderExcluir
  5. Rô, que postagem deliciosa.
    Adoro a série, me sinto tão em casa e à vontade essas mulheres reais.
    O primeiro filme eu assisti e, depois dessa, estou aqui pensando porque não fui conferir o 2 ainda.
    Beijos e saudade da sua boa companhia.

    ResponderExcluir
  6. A série foi muito boa e a descrição feita por você das "meninas" foi ótima! Independente de ser homem ou mulher, Sex...trata de relações humanas. Em cada uma delas (das meninas)a gente encontra (muito ou pouco)de nós mesmos...E isso ficou bem claro na série. Mas os filmes...o primeiro até tem lá a sua graça, mas o segundo é um verdadeiro caça-níqueis. Fraco, sem pé nem cabeça, chato. Quem ainda não viu, não perdeu nada...Abraço Zivi!!!!

    ResponderExcluir
  7. Alan e Guido, vocês são a prova de que "SATC" não é unânime, o que é muito bom! Acho a série melhor que os filmes. Entre os filmes, fico com o segundo, mais divertido e com o propósito de mostrar como podemos reciclar e adaptar as tradições, como o casamento, aos nossos corações e anseios. Matheus, Luciana e Lucélia, thanks por mais uma visita. E Cris, seja bem-vinda.

    ResponderExcluir
  8. Salve, Zivi! Concordo em "Gênero", só tome cuidado: as 4 ajudam, mas não se iluda... entender pra valer uma mulher...
    Abração, João

    ResponderExcluir
  9. Pode rir desde já ...se eu te disser que nunca assisti...vc acredita? rs
    Não sou muito de séries...só fui de ver Friends rs que até hoje vejo rs .
    E de "Eu,a patroa e as crinaças" hahahah !!! Eu gosto, tá rs !
    Eu estou com o filme aqui para assistir, mas ainda não me animei rs
    Beijos

    ResponderExcluir

Postar um comentário