Não vi e não gostei

Eu odeio “Avatar”
Eu odeio “Avatar”. Sabe aquele ódio? Não vi e não gostei. Pelo trailer, que me foi empurrado retina abaixo, e pela sucessão de teasers em revistas, jornais e até no lanche que eu costumava saborear, grito: a nova empreitada megalomaníaca de James Cameron é simplesmente intragável!
Cameron não era de todo ruim. Na verdade, era ótimo quando não se levava tão a sério. Sou fã de “O Exterminador do Futuro”, “Aliens”, “O Segredo do Abismo” e “True Lies”, todos sob sua batuta. Foi em “Titanic” que ele desandou. Mais de três horas de um filme insuportável, com Celine Dion ao fundo. Na minha sessão, rezei para o Leonardo DiCaprio afundar logo e me deixar voar para a lanchonete ao lado.
Não vou correr o risco de novo. Não com “Avatar”. Eu quis ver, admito. Logo no começo, quando supus que a superexposição seria algo volátil. Não foi. A produção, que custou inaceitáveis 500 milhões de dólares, já passou de um bilhão em bilheteria e ruma fácil ao lugar mais alto do pódio entre as mais rentáveis. Para Cameron e sua turma, basta.
O que sei de “Avatar” é pelo incessante boca a boca. Uns adoraram. Outros odiaram. A maioria comprou ingresso com dias de antecedência. A sala 3D é a mais disputada. Gente que não ia ao cinema desde “...E o Vento Levou” agarrou a pipoca e viu “Avatar”. Por essas e outras, sério candidato a filme mais pentelho da história.
O lançamento do DVD será igualmente execrável. Cameron, mais um gênio da publicidade que propriamente um bom cineasta, já começou o barulho e prometeu uma edição especial com cenas de sexo entre os habitantes de Pandora. Cenas que acabaram cortadas, por motivos óbvios, da versão “família” atualmente em cartaz. O diretor foi mais longe e deu a entender que a tribo teria relações sexuais através das caudas. Meu ódio por “Avatar” e seu criador acaba de triplicar.
Assim como aconteceu com “Titanic”, que abocanhou onze inexplicáveis estatuetas do Oscar, “Avatar” terá destaque na cerimônia de premiação. Cameron é o único modernoso bem quisto pelos senhores tacanhas da Academia. Não é para menos. Seus filmes, embora disfarçados de ousadia – meramente tecnológica – são odes ao conservadorismo típico dos americanos. Em “Aliens”, o bem, representado pelos humanos, vence o mal com cara de alienígena. Na epopéia do transatlântico, DiCaprio e Kate Winslet personificam a detestável fantasia do amor ingênuo e eterno, à prova até da morte, que leva tantos casais ao erro do casamento inquestionável. Em “Avatar”, novamente, aventura e romance se misturam, sem espaço para abstrações. É aquilo ali. Em 3D. Lindo de morrer. Irritante de matar. Não acrescenta nada, exceto, claro, pelos milhões de dólares a mais na conta dos produtores. Graças a nós, platéias pré-moldadas, predispostas somente aos enlatados e duramente avessas aos tão necessários pontos de interrogação.
Então, pergunto: por que ver “Avatar”? Por que pegar uma fila quilométrica, procurar lugar em uma sala lotada, cheia de pipoca no chão? Por que agüentar conversinha paralela, colocar um par de óculos ridículo e fingir deslumbramento? Por que concordar que “Avatar” é obrigatório? Só porque o cara resolveu torrar meio milhão em um monte de gente azul e paisagens coloridas?
Todas as minhas perguntas produzem eco naquilo que James Cameron costuma buscar realização: cifras. Neste caso, não exatamente impressionantes. O DVD de “Titanic” pode ser comprado por R$ 9,90 na maioria das locadoras. Com o tempo, o maior filme da história se tornou o que eu sempre achei: barato e insuportável. No fim das contas, todo mundo percebeu o óbvio: “Titanic” é um porre. Uma farsa que se revelou aos poucos, muito bem escondida pelos truques do marketing. “Avatar” é reprise. Tô azul de raiva. Decido não participar do mico. Esse eu deixo o James Cameron pagar sozinho.

*Nota do autor:"Avatar" foi um desastre no Oscar. Adorei. Toma, Cameron!

Comentários

  1. Ahauhauhauha... Ó TI MO! Ainda não assisti, mas já sei o que viria! Talvez não vá ao cinema, mas com certeza não perderei o "enrosca-enrosca de caldas azuis" em DVD!!!
    Avatar é isso: marketing em cima da curiosidade. Muita cor e pouco texto.

    Muito bom, Ro!!!

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  2. Rs...olha...se for ver este filme, não tem como não prestar atenção nas caldas, agora...rsrsrsrsrs. ADORO CELINE DION E NADA CONTRA TITANIC. Tenho grandes chances de gostar de AVATAR...rs. Luciana.

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  3. Não vou ver Avatar, não fui ver O Senhor dos Anéis e não li Paulo Coelho.

    Que é? Vai encarar?

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  4. E dá pra acreditar que nos cinemas de São Paulo estão sendo exibidas sessões extras???
    É, Rô, acho que somos todos etês, mas eu prefiro continuar sendo alienígena a simpatizar com esse bendito Avatar!rs
    Beijos com saudade

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  5. Também não verei. Sempre detestei excesso de fantasias e confesso que sempre tive dificuldades em mergulhar nesses absurdos fantásticos e compreênde-los.
    Azul por azul, prefiro aquele "hominho" que estrelava a propaganda de cotonete!
    *Marque a cerveja e tbém. fuce no meu blog: blogblaa.blogspot.com
    Abs., João Marcos

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  6. Rodrigo,
    Ainda não vi e até o momento contive minha revolta em assistir a centenas de propagandas. Agora vejo que não sou a única que discorda de tudo isso... :)
    Minha expectativa quanto ao Titanic foi tão grande, que no dia em que assisti, não consegui derramar uma lágrima. Não que eu seja insensível, mas porque já estava cansada daquilo... afff.
    Ótimo post.
    Parabéns pela coragem de escancarar sua opinião, que com certeza é a de muitos também.
    Abraço,

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  7. Rodrigo, meu querido, acho que vc deveria ser menos crítico e dar espaço para as mensagens intrínsicas da megaprodução. Por certo, acrescentariam algo maior em sua vida que não seja julgar aquilo que vc sequer viu. O filme abordou questões sobre auto conhecimento, unissidade e energia, que, por certo, não devem lhe interessar tanto, já que sua função parece ser sempre analisar e questionar as obras alheias. Seria frutífera uma auto avaliação sobre sua postura tão rígida acerca de tudo aquilo que o cerca. Cada um tem sua forma própria de arrecadar os seus milhões. Por certo vc os ganharia criticando os outros. Alguns o fazem semeando mensagens através de histórias fantasiosas. Será que isso seria menos digno que as duras críticas que vc faz? Eu, particularmente, priorizo o respeito e o extermínio do condicionamento, já que as pessoas, já tão massificadas, devem ter o mínimo de oportunidade de concluir por si próprias. Seus textos pré condicionam qualquer julgamento, já tão robotizado. Tenha cuidado com seu trabalho. A liberdade de expressão, para ser bela, há de ser harmoniosa, o que lhe falta em demasia, já que vc é tão agressivo em sua fala. Seja cuidadoso com o trabalho alheio, mesmo porque não se trata de um problema seu a forma como as pessoas ganham dinheiro ou o efeito que cada situação terá na vida dos outros, já que cada um aprende pela própria experiência. Ser jornalista é oferecer a informação, é vedar sua sonegação, e a partir disso, permitir que cada um forme sua própria opinião, através da consciência que começa a ser formada. Portanto, cumpra sua função com tranquilidade, passe a informação, a sinópse, os lucros vultuosos, mas sem esse perfil agressivo e manipulador que acaba mascarando o que haveria de ser sua prioridade. Leve o público ao cinema e faça com que eles mesmos cheguem às suas respectivas conclusões. Acrescentar ou não algo à vida é uma questão muito subjetiva, já que uma mensagem que lhe parece banal pode transformar a vida de outro. De qualquer maneira, essa é minha humildade opinião, que mais parece um conselho. Mas como vc mesmo diz, tudo é uma questão de ponto de vista.
    Um abraço.

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  8. Oba!! Até que enfim alguém indignado comigo!! Hehehehe, adooooooroooooooo!!!!!!!!!
    Querido anônimo, sinta-se à vontade para ver o filme que quiser e ter a SUA opinião. Este blog é meu e aqui está a MINHA. Não sou o senhor da verdade. Nem quero ser!! Do meu senso crítico, meio irônico, admito, não abro mão. De qualquer forma, obrigado pela visita. Da próxima vez, identifique-se, por favor. Prometo não ir atrás de você com uma faca, rs. Aproveite e passe o endereço do consultório. Se um dia precisar de terapia, juro que marco uma consulta. Brincadeira, hein! Ah, só pra constar: continuo odiando "Avatar". Sorry...

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  9. Olá meu querido, sou eu, o "anônimo" novamente. Como sempre, vc não se deixa vencer. É um legítimo geminiano. Acho que vc deveria assistir "Avatar", e comigo. Seria um momento bem especial para os dois, já que faz pelo menos 8 anos que a gente não se vê. Então eu aproveito o ensejo para te passar o endereço do meu consultório, pq acredito realmente que vc precise de um pouco de terapia mesmo (rs). Muitas saudades suas, meu grande e inesquecível amigo. Karina.

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  10. Nossa, Karina!!!!!!! Que honra! E que saudade. Por onde andas? Por favor, não façamos do meu blog um msn às avessas. Me mande um e-mail com seus contatos. Por mim, fechado: com vc, eu vou ver "Avatar". Juro. Nem que eu tenha que te matar depois, rsrsrsrs. Beijão, linda!

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  11. Amore, te mandei meus contatos para o email rodrizivi@yahoo.com.br... bjs.

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  12. hahahaha...que final feliz.
    Nessa eu me diverti!
    Vai assistir e conta depois, Rô!
    Beijoss

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  13. Kkkkkkkkkkkkkk.....Afinal...assistiu ou não assistiu? Se tiver assistido escreva sobre sua experiência! Concordo com sua amiga Karina (minha opinião não é tão contundente quanto a dela), mas aprendi com a idade (papo de velho) que essa história de “não vi e não gostei” pode ser pior pra gente (e na maioria das vezes é!).

    Em várias ocasiões descobri que estava errado, ou pior, sendo preconceituoso, ao criticar algo ou alguém, sem conhecê-lo. Enfim, criar opinião a partir de opinião pré-concebida por outros, nos deixa cegos pra enxergar com nossos próprios olhos, emoções e sentimentos que só nós poderíamos sentir.

    E daí que o filme é um blockbuster? E daí que a história é chula? A opinião (boa ou ruim) é minha e só faz sentido se eu souber do que estou falando. Cansei de ver gente ser “PhD” em um monte de coisas sem nem saber do que se tratava. Como dizem as maquininhas “sua opinião é muito importante pra nós...” desde que ela seja balizada por sua própria experiência. A propósito, odiei Titanic a ponto de dormir no cinema na primeira metade do filme...

    Você já viu “Irreversível” (Irréversible, 2002)? Um filme, no mínimo, perturbador...(se você conseguir passar dos primeiros 40 minutos, acho que pode até gostar...rsrsrs) Que tal escrever sobe ele? (a minha opinião te conto depois...rsrsrsrs) Dirigido por Gaspar Noé, com Vincent Cassel, Albert Dupontel e a belíssima Monica Bellucci.

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  14. Ah...Esqueci...Avatar (sem o 3d)é uma porcaria! Com o 3D não vi...quem manda morar no interior...

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  15. Guido, há quanto tempo!! Muito obrigado pelos seus comentários aqui no blog, meu amigo. Seguinte: ainda não vi "Avatar". Nem com a Karina, rs. O fato é que minha crítica tem como alvo o circo criado em torno da produção, e não o filme em si. Guido, já vi "Irreversível" há algum tempo. Inteiro!! Filme difícil de assistir e MUITO forte. A cena do estupro é, talvez, a mais chocante que já vi. Mais apelativo que aquilo só "Anticristo", do Lars von Trier. Já assistiu? Prepare-se, hehe. Um forte abraço e obrigado a todos, mais uma vez, pelos comentários. Luciana, bjão pra vc!!!

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  16. também odeio Avatar, só que meu pai sempre foi um ávido fã de james cameron e me fez ver Avatar no cinema!
    o filme é muito infantil na minha opiniao já que sou acostumada com filmes de Lars Von Tier, Tim Burton, e alguns "comuns" sobre psicopatas q aliás adooooro!
    não acho q avatar mereça esse alvoroço todo!

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